[ Primeiramente peço desculpas por
essa edição "tosca", do blogspot,
mas infelizmente não consigo controlar
o resultado final do layout ]
A RIO + 20 é o assunto da semana. Pelo
menos para aqueles que se importam com o meio ambiente. É a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) dando
continuidade a quase esquecida ECO 92, realizada pela mesma organização
e também sediada no Rio de Janeiro há vinte anos atrás (é daí que vem o +
20) e considerada, na época, um marco na luta pela consciência ambiental
mundial. Positivo.
A despeito da ampla divulgação que se tem
feito em torno do evento, a RIO+20 não é a salvação do planeta, como as vezes a
mídia pode dar a entender. Poucos avanços efetivos devem sair de lá. Para os
ambientalistas, o encontro não passa de um teatro onde os protagonistas se
esforçam para interpretar os papéis de defensores do planeta, mas quando estão
fora do palco esquecem com facilidade o texto, e continuam dando as costas para
os mesmos problemas de mais de vinte anos atrás. Negativo.
O desinteresse dos Estados Unidos pelo
assunto não é nenhuma novidade. O atual presidente Barack Obama, de cujo
governo esperava-se uma evolução no sentido de uma maior participação no
desenvolvimento sustentável do planeta, é dado como uma das principais ausências
da RIO+20. Outra que levou falta foi a toda poderosa alemã, Angela Merkel. Negativo.
Também fala-se que os governos mundiais
estariam diminuindo os recursos que são repassados para a manutenção da ONU, e
que as grandes corporações (aquelas que regem o capital do planeta) estariam aumentando
a sua participação no financiamento à ONU e consequentemente, tendo voz mais ativa
na definição dos textos dos documentos oficiais da conferência. Negativo.
Paralelamente ao encontro oficial que
reúne os governantes, acontece a "Cúpula dos Povos", que agrega a sociedade civil. O evento, organizado por uma rede de 36 ONGs
(organizações não governamentais), tem como principal
objetivo pressionar a ONU a adotar medidas que possam, finalmente, dar início
ao crescimento sustentável do planeta. Positivo.
Vamos as contas:
Mais com menos da menos; menos com menos
dá mais; mais com menos dá menos, que finalmente, com mais dá... menos! :)
Agora, veja o que pensam alguns
participantes da "Cúpula dos Povos", sobre a RIO+20:
"Quando eles falam em economia verde
e a gente vê no documento que está escrito que é preciso utilizar os
instrumentos de mercado para enfrentar a crise ambiental, que são as grandes empresas
que devem tomar a frente desse processo, que é necessário aumentar o livre
comércio, e que a confiança é a de que o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional
e a organização Mundial do Comércio ajudem nesse processo, fica claro quais
são as motivações em questão. É óbvio que eles não estão atendendo às nossas
necessidades, mas aos interesses das
multinacionais. A quem interessa aumentar o livre
comércio? A quem interessa que o milho dos Estados Unidos chegue mais barato ao
México do que o milho mexicano? Destrói quem? Destrói a agricultura local e isso
não interessa à humanidade".
"Há um descompasso entre a
consciência da humanidade e as decisões dos governos.
Vinte anos depois, o cenário é muito mais
grave. Nós estamos caminhando para um
futuro pior, em função do que não foi feito.
Ou mudamos agora, ou não haverá Rio+40".
Ivo Lesbaupin
(Sociólogo, da Direção nacional da ABONG,
Associação Brasileira das ONGs)
"ONGs nordestinas estão aqui no Rio
para dizer que somos vítimas de governantes
que insistem em colocar equipamentos
movidos à energia nuclear em nossas regiões".
"Se nem o governo brasileiro entende
que a energia nuclear é uma energia perigosa,
que só causa problemas, principalmente
com a contaminação geral do meio ambiente,
como os líderes munidas vão ouvir o que
dizemos?".
Renato Cunha
(Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBA)
"Os poderosos querem usar uma lógica
de mercado para negociar a natureza. É preciso
valorizar as diferentes formas de viver e
produzir, reconhecendo a contribuição que grupos indígenas, comunidades
tradicionais, agroextrativistas e agricultores familiares dão a conservação dos
ecossistemas".
"O espaço oficial parece programado
para consolidar acordos que só fizeram mal ao mundo. Belo Monte é um exemplo de como
os governos tentam corromper a sociedade em volta, no caso os indígenas, para
alcançar seus objetivos".
Maiana Maia
(Secretária da Rede Brasileira de Justiça
Ambiental e pesquisadora do Núcleo Tramas da UFCE)
Depoimentos extraídos do Jornal do
Commercio de Pernambuco, edição de domingo, 17 de junho de 2012.
Um comentário:
É simples assim, vamos jogar o jogo com as regras "deles". Já que eles não ouvem os pesquisadores e cientistas (por que será que eles não estão lá com poderes decisão), nem ouvem os ambientalistas,vamos fazer o seguinte: nas férias, niguém viaja nem faz intercâmbio em país que não respeita o meio ambiente. Também niguém consome os produtos deles.
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