quarta-feira, 20 de junho de 2012

A matemática ambientalista da Rio+20






















[ Primeiramente peço desculpas por 
essa edição "tosca", do blogspot, 
mas infelizmente não consigo controlar 
o resultado final do layout ]


A RIO + 20 é o assunto da semana. Pelo menos para aqueles que se importam com o meio ambiente.  É a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) dando continuidade a quase esquecida ECO 92, realizada pela mesma organização e também sediada no Rio de Janeiro há vinte anos atrás (é daí que vem o + 20) e considerada, na época, um marco na luta pela consciência ambiental mundial. Positivo.

A despeito da ampla divulgação que se tem feito em torno do evento, a RIO+20 não é a salvação do planeta, como as vezes a mídia pode dar a entender. Poucos avanços efetivos devem sair de lá. Para os ambientalistas, o encontro não passa de um teatro onde os protagonistas se esforçam para interpretar os papéis de defensores do planeta, mas quando estão fora do palco esquecem com facilidade o texto, e continuam dando as costas para os mesmos problemas de mais de vinte anos atrás. Negativo.

O desinteresse dos Estados Unidos pelo assunto não é nenhuma novidade. O atual presidente Barack Obama, de cujo governo esperava-se uma evolução no sentido de uma maior participação no desenvolvimento sustentável do planeta, é dado como uma das principais ausências da RIO+20. Outra que levou falta foi a toda poderosa alemã, Angela Merkel. Negativo.

Também fala-se que os governos mundiais estariam diminuindo os recursos que são repassados para a manutenção da ONU, e que as grandes corporações (aquelas que regem o capital do planeta) estariam aumentando a sua participação no financiamento à ONU e consequentemente, tendo voz mais ativa na definição dos textos dos documentos oficiais da conferência. Negativo.

Paralelamente ao encontro oficial que reúne os governantes, acontece a "Cúpula dos Povos", que agrega a sociedade civil.  O evento, organizado por uma rede de 36 ONGs (organizações não governamentais), tem como principal objetivo pressionar a ONU a adotar medidas que possam, finalmente, dar início ao crescimento sustentável do planeta. Positivo.

Vamos as contas:
Mais com menos da menos; menos com menos dá mais; mais com menos dá menos, que finalmente, com mais dá... menos!   :)



Agora, veja o que pensam alguns participantes da "Cúpula dos Povos", sobre a RIO+20:


"Quando eles falam em economia verde e a gente vê no documento que está escrito que é preciso utilizar os instrumentos de mercado para enfrentar a crise ambiental, que são as grandes empresas que devem tomar a frente desse processo, que é necessário aumentar o livre comércio, e que a confiança é a de que o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a organização Mundial do Comércio ajudem nesse processo, fica claro quais são as motivações em questão. É óbvio que eles não estão atendendo às nossas necessidades, mas aos interesses  das multinacionais. A quem interessa aumentar o livre comércio? A quem interessa que o milho dos Estados Unidos chegue mais barato ao México do que o milho mexicano? Destrói quem? Destrói a agricultura local e isso não interessa à humanidade".

"Há um descompasso entre a consciência da humanidade e as decisões dos governos.
Vinte anos depois, o cenário é muito mais grave. Nós estamos caminhando para um
futuro pior, em função do que não foi feito. Ou mudamos agora, ou não haverá Rio+40".

Ivo Lesbaupin
(Sociólogo, da Direção nacional da ABONG, Associação Brasileira das ONGs)




"ONGs nordestinas estão aqui no Rio para dizer que somos vítimas de governantes
que insistem em colocar equipamentos movidos à energia nuclear em nossas regiões".

"Se nem o governo brasileiro entende que a energia nuclear é uma energia perigosa,
que só causa problemas, principalmente com a contaminação geral do meio ambiente,
como os líderes munidas vão ouvir o que dizemos?".

Renato Cunha
(Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBA)




"Os poderosos querem usar uma lógica de mercado para negociar a natureza. É preciso
valorizar as diferentes formas de viver e produzir, reconhecendo a contribuição que grupos indígenas, comunidades tradicionais, agroextrativistas e agricultores familiares dão a conservação dos ecossistemas".

"O espaço oficial parece programado para consolidar acordos que só fizeram mal ao mundo. Belo Monte é um exemplo de como os governos tentam corromper a sociedade em volta, no caso os indígenas, para alcançar seus objetivos".

Maiana Maia
(Secretária da Rede Brasileira de Justiça Ambiental e pesquisadora do Núcleo Tramas da UFCE)


Depoimentos extraídos do Jornal do Commercio de Pernambuco, edição de domingo, 17 de junho de 2012.

Um comentário:

Geraldo Henrique disse...

É simples assim, vamos jogar o jogo com as regras "deles". Já que eles não ouvem os pesquisadores e cientistas (por que será que eles não estão lá com poderes decisão), nem ouvem os ambientalistas,vamos fazer o seguinte: nas férias, niguém viaja nem faz intercâmbio em país que não respeita o meio ambiente. Também niguém consome os produtos deles.