sexta-feira, 29 de abril de 2011

De chapéu-de-sol aberto pelas ruas, eu vou...






Terminalia
catappa
.
Foto retirada
do site.







Texto de Isabelle Meunier*.
Versão integral do texto publicado
na revista "Mon Quartier", Ano 2 nº20.


* A autora é engenheira florestal
e profª da UFRPE.


Passado o Carnaval, seria extemporânea uma crônica tratando de frevos antigos ou saudando a sombrinha, símbolo do passo bem marcado do frevo... Esse artigo também não trata de moda, mesmo que se deseje comentar a crescente frequência das sombrinhas nas ruas de Recife e não só delas: cada vez mais há turbantes, echarpes e chapéus criativos desfilando nas ruas de Recife, muitas vezes improvisados ou substituídos por bolsas levadas nas cabeças, cadernos portados sobre as testas e outras tendências de verão.

Em um rápido percurso entre a Torre e o Espinheiro, na tórrida hora do almoço, observei recentemente a diversidade de estratégias que nosso povo tem adotado para poder circular a pé na cidade. Uma senhora, na carona de uma bicicleta, envolveu na cabeça um surrado casaquinho, com certo efeito de véu mulçumano. Um casal de idosos compartilhava uma sobrinha enquanto uma jovem senhora desfilava seu chapéu de praia. Entre inúmeros outros conterrâneos que não podem ou não querem gozar do frescor do ar condicionado do carro, alimentado pela queima de combustível fóssil.

Nossa tropical Recife sempre foi calorosa... e quente! Mas nunca tanto assim, dizem os mais velhos. Pelo menos quanto ao sol abrasante, tem-se a certeza: ele nunca nos esquentou com tanto ímpeto. A verdade é que, se o velho Sol continua o mesmo e Recife não mudou sua latitude, muita coisa piorou no ambiente da cidade. Árvores se foram dos quintais, das praças, das calçadas. Caminhar nas ruas de Recife é desafiar muito mais do que automóveis estacionados, buracos, portões eletrônicos que avançam sobre as calçadas, postes e orelhões desalinhados, desníveis, correntes e outros monstrengos: é se submeter ao calor infernal, potencializado pelas emissões dos veículos, por paredões sufocantes e pelas grandes extensões impermeabilizadas. Tudo isso sem a proteção generosa das copas das árvores, a cada dia reduzidas por podas absurdas, pela remoção desnecessária ou mesmo pela queda das árvores, resultado da tradicional falta de cuidados básicos e de monitoramento.

O sol que cria, purifica e energiza pode se tornar um grande incômodo e um perigo à saúde dos habitantes de uma cidade que nega espaço às árvores. Esse tormento é sentido todos os dias por quem caminha nas ruas e criativamente buscam formas de se proteger e, observando essa tendência, podemos prever que indumentárias de beduínos dos desertos podem ser bem aceitas no próximo verão. Mas o que precisamos, mesmo, é de árvores. Árvores em praças de verdade, em parques que precisam ser criados, em calçadas - largas o suficiente para pessoas e árvores - e em jardins da casas e prédios. Precisamos de árvores para suportar a cidade que esquenta, para permitir que as pessoas andem com conforto, desafogando o trânsito que enerva a todos e simplesmente não nos leva a lugar algum. Precisamos de árvores para humanizar a cidade e devolvê-la aos cidadãos.


Nota do blogueiro:
A árvore Terminalia catappa, que ilustra esse post também é conhecida popularmente
como CHAPÉU DE SOL, Castanhola, Coração de Negro.




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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Comedor de folhas

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Esse fim de
semana
apareceu mais
um visitante
para comer as
folhas da minha
muda de craibeira.











Olha
o charme
do bicho.













Camuflagem
















Tamanho

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Alí na esquina






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na imagem
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Esquina da Rua Bispo Cardoso Ayres
com a Av. Visconde de Suassuna,
Soledade, Centro.

Acima das árvores não existe fiação
de eletricidade.

Sem mais comentários...


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segunda-feira, 4 de abril de 2011

ÁRVORES x CALÇADAS x PESSOAS






As três árvores
tiveram suas copas
drasticamente
reduzidas. De uma
delas, só restou
mesmo o trnco.












CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIÁ-LAS.


Se a intenção dos moradores do prédio da rua Oliveira Lima em frente à sede do IPHAN (bairro da Soledade - Centro), era dar mais visibilidade ao prédio para valorizar o imóvel, eles podem até ter conseguido. Afinal de contas, o referido prédio antigo ficava meio escondidinho, por trás das belas e frondosas copas das árvores que foram radicalmente"podadas".
Mal dava pra perceber o charme dos painéis de cerâmica assinados pelo artista Francisco Brennand.

Mas... será que quem vai chamar mais atenção não são as ex-árvores que, se brincar, moram alí há mais tempo? Afinal, a cena que se vê quando se passa é uma paisagem das mais feias. É uma cena de destruição, de desapego e desprezo à tradição das ruas mais antigas do centro do Recife.

Talvez o maior charme dessa rua fosse justamente o "tunel" formado pelas copas das imensas árvores distribuídas ao longo da via, cuja sombra filtra o por vezes incômodo sol escaldante com o qual o recifense convive. Infelizmente, parte desse "túnel verde" foi destruído.



A:
Desnível da rampa de acesso
do estacionamento do prédio.

B:
Desnível que podia ser corrigido
pelo condomínio.










Segundo fiquei sabendo, o corte das árvores (sim, a solicitação foi para cortar/erradicar) foi motivado porque as árvores estariam quebrando a calçada, queixa das mais frequentes por parte das pessoas que reclamam desses vegetais. Alguém teria levado um tombo na calçada. A culpa? Das árvores é claro, de quem mais?

Resolvi ir até o local para fazer o registro fotográfico da destruição e, para a minha surpresa, não constatei nenhuma irregularidade no piso da calçada que justificasse a remoção das árvores. Como pode-se ver nas fotos, existe até um poste, que está mais próximo do muro do prédio do que as árvores.

Será que também solicitaram da companhia de eletricidade a remoção do poste? Duvido. Até mesmo porque "postes", apesar de serem apenas objetos, para as pessoas que tem medo de árvores eles devem ser mais humanos, porque foram inventados por pessoas.

Já as árvores são seres independentes, que crescem, mudam de tamanho, desprendem frutos, folhas, flores, que caem e sujam as ruas. Os postes estão sob o nosso controle. Mesmo que eles atrapalhem o passeio, são só postes. As árvores sim, são inimigas, porque desafiam o nosso egoísmo.










O que sobrou
do Ficus.
















Será que não
dava mesmo para
as pessoas caminharem
nesta calçada?
O que vocês acham?