sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Como são bonzinhos esses/as vereadores/as…



21 de dezembro de 2012: o mundo não acabou.
Vou aproveitar que ainda posso continuar a fazer as coisas corriqueiras da vida, pra comentar uma notícia divulgada nos jornais locais ontem:


Depois de legislar em causa própria (na surdina, na virada de 2011 para 2012) aumentando em 62% os seus salários -que passarão de R$ 9.287,57 para R$ 15.031,76 em 2013 -, os vereadores do Recife tentam agora, posar de bons meninos/as, anunciando o fim (parcial) do AUXÍLIO PALETÓ.




Matéria publicada 
no Jornal do Commercio 
de ontem, 20-12-2012.
ler a matéria on line.







Para quem não sabe, o tal AUXÍLIO PALETÓ trata-se de uma "bonificação" para despesas extras, PAGA DUAS VEZES AO ANO e corresponde (cada pagamento) ao mesmo valor do salário dos vereadores. Por este motivo, tal bonificação acabou ficando conhecida como o pagamento do 14o. e 15o. salários daqueles parlamentares.
Agora, eles propõem que esses valores não sejam mais pagos anualmente, passando a serem pagos "apenas" duas vezes: uma no início e outra no final dos seus mandatos, copiando o modelo que já havia sido adotado pelo Senado. O ideal seria a extinção completa dessas bonificações. Sem falar que devem existir outras, para financiar combustível, passagens, etc. Um abuso.

Para negar que a estratégia tenha sido montada com a intenção de "diminuir a péssima impressão causada ao legislar em causa própria (com o aumento dos próprios salários em 62%)", o presidente da câmara, Jurandir Liberal (do PT), declarou que se fosse assim, eles teriam votado o tema antes das eleições. Ah, mas só se eles fossem muito ingênuos pra aprovar o fim (PARCIAL) do auxílio paletó antes das eleições. Ingênuos ou corajosos, porque isso certamente traria à tona o assunto do aumento abusivo dos seus próprios salários em plena campanha eleitoral. E isso poderia repercutir mal para eles e/ou seus correligionários aspirantes as vagas de vereadores. Ingênuos mesmo, nessa história toda, só mesmo aqueles/as que continuam votando nesses parlamentares.

Se queriam dar exemplo e ficar com uma imagem menos mal perante os responsáveis pelos seus acessos à câmara, ou seja, os eleitores - ou seja: o povo - , pelo menos poderiam propor devolver o dinheiro dos AUXÍLIOS PALETÓS que já receberam até hoje (a nova regra só vale para os vereadores que tomarão posse a partir de janeiro de 2013). Voltar atrás em relação ao aumento de 62% de seus próprios salários também seria digno.  #ficaadica.



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Barba, cabelo e bigode



E o verde das árvores vai desaparecendo gradativamente do Recife. Pelo jeito, por opção dos seus moradores, que parecem não se importar com o calor que faz nessa cidade, ou por achar que basta se refugiar nos sistemas de refrigeração de seus lares ou escritórios. E quanto a paisagem… bom, pra que se importar com a paisagem se podemos assistir as mais belas do mundo, no canal da National Geographic?


Poço da Panela (Casa Forte): 
só restou o pau.

Pedalando ontem pelo Poço da Panela (bairro que preserva um importante patrimônio histórico-cultural da nossa cidade) me deparei com essas três árvores da espécie "Ficus" (provavelmente Ficus microcarpa) ou, pra ser mais realista, com o que restava delas. As árvores tinham uma copa já bem desenvolvida e proporcionavam uma sombra pra lá de agradável. Ao que parece, a opção foi trocar a sombra por uma certa aridez, como podemos ver na foto (de baixíssima resolução, diga-se de passagem). Talvez houvesse algum motivo para remove-las… Se foi o caso, agora é ficar na torcida para que pelo menos sejam plantadas outras árvores em substituição.

















Árvores cortadas na Rua Antonio Vitrúvio, Poço da Panela, Recife, na calçada de uma residência particular. É a rua do conhecido "Atelier Coletivo", antigo reduto de artistas locais e em cuja casa atualmente funciona uma Igreja Episcopal.



Rua 13 de Maio (centro do Recife): 
aqui, não restou nada.

Bem próximo ao escritório que há poucas semanas cortou parte das raízes de algumas árvores que estavam na sua calçada, uma outra casa de atividade comercial aproveitou o domingo para fazer desaparecer por inteiro um Oitizeiro. Quanto passei em frente ao local, trabalhadores cortavam com machado e motoserra o que ainda restava de um "toco" da árvore, em frente ao imóvel. Ao lado, um caminhão Mercedes Bens, daqueles antigos, já estava com a caçamba completamente carregada de galhos e folhas. Quando voltei, só havia pó de serra, algumas folhas espalhadas pelo chão e umas pedras de lajota cobrindo, no solo, o lugar onde antes tinha uma árvore, para disfarçar. Serviço completo: barba, cabelo e bigode! E rápido! Nem o caminhão nem nenhum dos trabalhadores apresentavam alguma identificação visível, da prefeitura ou de alguma empresa terceirizada.

Tentei avisar a Brigada Ambiental quando ainda estavam cortando, mas não consegui. E nem ia adiantar: hoje pela manhã liguei novamente e fiquei sabendo que eles ainda estão sem viatura para fazer ocorrências.  Avisei a redação do Diario de Pernambuco, que recentemente tem publicado matérias demonstrando solidariedade para com as nossas árvores urbanas, mas não sei se eles foram ao local. Nesses casos a ajuda da imprensa é super bem vinda, pois é uma forma de registrar o flagrante, já que somos tão carentes de fiscalização em dias normais, quanto mais nos finais de semana e feriados!



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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Descobertas novas espécies de árvores no nordeste brasileiro.

























Da esquerda para direita em sentido horário, as plantas descobertas:
Uma parente da goiaba, uma trepadeira de flores belas (porém mal-cheirosas) e um parente do Sapotí.


Três espécies vegetais desconhecidas do mundo científico foram encontradas há dois anos em Timbau do Sul, no Rio Grande do Norte. Entre elas encontram-se duas espécies arbóreas: uma da família Myrtaceae,  do gênero das  Eugenias (o mesmo da goiaba, pitanga e ubaia) e outra da família Sapotaceae, do gênero Pradosia (o mesmo do sapoti e abiu). As descobertas serão publicadas em revistas científicas de três países (EUA, Noruega e Áustria).

Tomei conhecimento da notícia através de uma matéria da repórter Veronica Falcão publicada no Jornal do  Commercio no último domingo 18/11. Procurei pelo google uma versão on line, em vão. Resolvi então postá-la aqui, por se tratar de um assunto do interesse dos que frequentam as páginas desse blog.

As fotos são de autoria do botânico da UFPE Marccus Alves, que fez a descoberta por acaso durante um passeio pela restinga de Timbau do Sul. O pesquisador explica na matéria do JC que as plantas se encontram próximas a uma região em expansão imobiliária, o que já as coloca em risco de extinção, considerando a possibilidade das mesmas serem endêmicas, ou seja, que só ocorrem naquele local. Esse fato inclusive, pode nos levar a supor que alguns (ou muitos, quem sabe?) seres vegetais e animais já tenham desaparecido sem nunca terem sido conhecidos pelo ser humano em conseqüência de sua egotrip destrutiva.





para fazer o download 
em formato jpg da 
matéria digitalizada.







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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ministério Público suspende (mais uma vez) corte de árvore em Recife





















Uma construtora ergueu um novo prédio na Rua Santos Elias, no tradicional bairro do Espinheiro e quer banir de lá uma das moradoras mais antigas do local: uma árvore da espécie acácia mimosa (centenária, segundo matéria publicada no Diario de Pernambuco).

Por mais de uma vez os moradores, com o apoio do Ministério Público de Pernambuco, tem se mobilizado para impedir a derrubada desta árvore. Em setembro houve outra tentativa e - ainda segundo a matéria do DP (clique aqui para ler) -, a Incorporadora Melo Rodrigues já havia recebido uma recomendação do MP/PE para não levar adiante o corte. No flagrante mais recente (que ocorreu na sexta-feira 09/11) foi constatado inclusive, que a motosserra que seria usada para derrubar a árvore estava com a licença do IBAMA vencida.

Além dos moradores e da promotora de justiça Belize Câmara, foram mobilizados ao local a Secretaria do Meio Ambiente, a Brigada Ambiental e até a Polícia Militar (que não autuou o profissional da motosserra irregular porque o mesmo havia abandonado o local, só retornando depois de regularizar a situação da ferramenta). Por fim, novamente a promotora suspendeu o corte da árvore e convocou os responsáveis pelo empreendimento para uma reunião no Ministério Público.




A árvore está na entrada do prédio.

O fato tem revoltado moradores da região e poderia ter sido evitado se, ao projetar o edifício tivessem considerado a existência da árvore, que está alí há muitas décadas, exatamente no local que foi escolhido para ser a entrada do novo prédio. Não seria mais fácil resolver o problema, ou melhor, evitá-lo, com uma mudança no desenho do projeto ("tem uma árvore aqui, então vamos fazer o acesso de veículos em outro lugar")?

Isso pode nos levar a pensar que a árvore foi ignorada durante o desenvolvimento do projeto e que não se cogitou a sua preservação. Pelo contrário, pode ter prevalecido o pensamento que considera a árvore um equipamento urbano, como um banco de praça ou um poste de iluminação, que pode ser removido ou relocado sem causar maiores danos. O que é um engano, pois os danos serão sentidos:
1. pela própria árvore, que é um ser vivo (às vezes as pessoas se esquecem disso);
2. pela população do bairro, em especial os moradores daquela rua (incluindo os que ocuparão o novo prédio) e
3. pela fauna urbana.




Ao invés de cortes e replantios,
poderia se promover e incentivar a construção
de "edifícios amigos do meio ambiente" - um modelo
de ocupação urbana preservacionista.

Infelizmente o modo de enxergar as árvores como objetos, é até de certa forma amparado ou incentivado (indiretamente, é claro) por lei, que determina o plantio de uma nova árvore (leia-se muda de árvore) para compensar o corte de um indivíduo adulto, somado ao fato da mesma lei municipal permitir a remoção de árvores para dar acesso a circulação de veículos. Isso pode explicar a aprovação de um projeto com uma árvore na entrada do prédio, como foi o caso deste Edifício Arthur Rodrigues (ver trecho da lei, ao final do texto).

O replantio como compensação ambiental, é algo que considero questionável e cujo resultado só se percebe a longo prazo. Há uma perda das características ambientais e paisagísticas do local que não serão substituídas e sim, transformadas, com o passar do tempo. Isso - vale a ressalva - , quando é cumprido o compromisso do replantio. Seria interessante se houvesse um maior cuidado por parte do poder público, aliado à leis e fiscalização mais rigorosas, para preservar as árvores urbanas já existentes, evitando cortes desnecessários. Sustentabilidade é o assunto do momento mas, embora muitos falem e até levantem bandeira, são poucos os vestem a moda de verdade.




Será que a árvore fica?

A antiga árvore, que segundo os moradores da rua está saudável, dá vida e sombra ao lugar, que faz parte de um bairro que ainda é conhecido como um dos mais arborizados do Recife. Seria uma pena perdê-la para um empreendimento imobiliário.

Parabéns aos moradores da Rua Santo Elias, a promotora de justiça Belize Câmara, que através do Ministério Público tem se mostrado bastante atuante e preocupada com a preservação do nosso patrimônio público, e ao Diario de Pernambuco pela reportagem.


Título II  "Da arborização municipal"  / Capítulo IV  "Da supressão"
Art. 23. A supressão de qualquer árvore, somente será permitida com prévia autorização escrita da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, através de laudo emitido por técnico legalmente habilitado quando: V - Constituir-se em obstáculos fisicamente incontornáveis ao acesso e à circulação de veículos, sendo que para tanto deverá estar acompanhado de croqui;

Fonte:

Agradecimento:
Helena Castelo Branco





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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Mais um crime ambiental no Recife



















Recebi hoje, através de uma amiga em uma rede social, esta foto acompanhada da denúncia de anelamento desta Etritrina verde-amarela (Erythrina indica picta), árvore mais conhecida como Brasileirinho, por causa da coloração de suas folhas.

O anelamento consiste em tirar a casca de uma árvore ou arbusto formando um anel completo em torno de seu caule. Inicialmente, a planta não mostra nenhuma alteração. A seiva bruta sobe e chega às folhas. Estas realizam fotossíntese, produzindo a seiva orgânica que se desloca, para baixo. Na região do anel a seiva não consegue passar, acumulando-se na parte superior. As raízes, à medida que os dias passam, gastam as reservas e depois morrem. Cessa então a absorção de água, as folhas murcham e a planta morre.


Endereço da árvore é:
Rua Oscar Carneiro 42, edifício São Jorge, Tamarineira, Recife/PE.
Quem quiser pode fazer a denúncia deste crime ambiental pelos fones:

3355 5814
3355 5815
(SEMAM - Secretaria do Meio Ambiente do Recife)























Foto da árvore antes do anelamento
( Googlemaps - link aqui )




segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Árvores de Serra Talhada/PE correm risco de serem derrubadas











Foto: Renato Barros




Árvores tombadas como patrimônio histórico do município de Serra Talhada / PE estão ameaçadas de serem derrubadas pela prefeitura.

Recebi a denúncia via e-mail, do Olímpio Menezes, que fez um protesto contra a derrubada das árvores.

Clique aqui para ler a notícia completa no site do jornal Farol de Notícias.





















Foto: site Farol de Notícias.












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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Defensoria Pública de Pernambuco corta árvores



Mangueiras do terreno da Defensoria Pública do estado foram cortadas neste final de semana.
As fotos e a denúncia foram feitas por um antigo morador do local, na rua Marques do Amorim, na Boa Vista ( fotos Jorge Hopper).














































Abaixo, como eram antes do corte (fotos google):






segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ajude a salvar as árvores do Recife!



Você pode colaborar com um gesto bem simples: 
divulgando este cartaz.

























Repostagem um cartaz antigo com atualização dos telefones para denúncias no RECIFE.
Antes havia o telefone da Brigada Ambiental (polícia ambiental da Prefeitura do Recife), mas infelizmente, a brigada se encontra há alguns meses sem veículos à sua disposição para se deslocar e averiguar as denúncias.


Se você ver alguma árvore sendo cortada sem autorização, se você souber que alguém está depositando no solo alguma substância que pode provocar a morte de uma árvore (óleo quente ou substâncias tóxicas) para fazer parecer que ela está morrendo  naturalmente", ou se você ver alguém cortando raízes de árvores nas calçadas das ruas, ou fazendo um anelamento (anel escavado ao redor do tronco de uma árvore), não hesite. DENUNCIE! Todas essas práticas descritas podem levar uma árvore à morte e são crimes contra o meio ambiente.

Leve esta campanha para além da internet!  Você pode imprimir o cartaz e divulgá-lo em murais de escolas, condomínios, locais de trabalho, centros sociais, centros comunitários, etc. Com mais cidadãos e cidadãs ajudando a cuidar e preservar as nossas árvores, talvez consigamos inibir, ou pelo menos diminuir a ação daqueles que não respeitam o meio ambiente. 

Clique aqui para baixar o cartaz em arquivo formato PDF com qualidade de impressão (formato A4) e espalhe essa idéia pela nossa cidade!


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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Corte de raízes: repercussão da denúncia de ontem



  
Após a denuncia sobre um possível crime ambiental relatado ontem  aqui neste blog (clique aqui para ver a denúncia), o jornal Aqui PE publicou hoje esta matéria.















Clique na imagem para ampliá-la e ler a matéria do Aqui PE.

Alguns pontos abordados na matéria merecem reflexão, especialmente no tocante as explicações de um dos responsáveis pelo corte das raízes das árvores.

Um dos sócios do escritório alegou que o "corte foi feito pelos pedreiros para adequar a calçada ao projeto apresentado na prefeitura". E continuou: "em alguns pontos já não havia mais calçada porque as raízes estão expostas e agora estamos reconstruindo para adequar as regras de acessibilidade, inclusive de pessoas com deficiência".
















A julgar pela primeira declaração, pode-se interpretar que, em um projeto arquitetônico apresentado à prefeitura, não se consideram as árvores (que talvez sejam as mais antigas moradoras daquela região) e os benefícios que elas trazem a população. Então, vejamos, quem não considera a importância das árvores no projeto urbanístico, a própria prefeitura, o novo usuário do terreno onde está se construindo um imóvel, ou ambos? Isso é correto? E mais: desde quando pedreiro pode fazer corte em ÁRVORES PÚBLICAS? Qual o conhecimento técnico que os profissionais da construção civil tem sobre botânica?

Sobre adequar a calçada às "novas regras" de acessibilidade, citado pelo sócio do escritório, a intenção é das melhores, mas não se poderia prever no projeto arquitetônico um pequeno recuo, por onde pudessem passar as pessoas sem mutilar e consequentemente trazer problemas as árvores?

Não estaria faltando uma política ambiental mais justa, que busque um melhor equilíbrio entre o crescimento econômico e geração de empregos e renda, caminhando em harmonia e com respeito ao meio ambiente?

Outro ponto intrigante na matéria do jornal é quando o responsável pelo escritório fala que a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) esteve no local APÓS a denúncia e teria constatado que pelo menos uma das árvores deverá ser derrubada porque está condenada pela ação dos cupins. E acrescentou: Não recebi notificação por que eles viram que não tivemos intenção de praticar crime ambiental.

A EMLURB não deveria ter estado no local ANTES da denúncia? Ou melhor, a Emlurb não deveria ter sido chamada e consultada previamente pelos responsáveis pela obra sobre como proceder num caso como esse? E sobre a Emlurb não achar que eles tiveram intenção de praticar crime ambiental? Quem cometeu o corte pode até te-lo feito por desconhecimento da legislação, mas o órgão responsável pela fiscalização e manutenção das árvores urbanas tem a obrigação de saber.

Por fim, a melhor notícia da matéria é a de que "a Secretaria do Meio Ambiente notificará o responsável pelo corte e que o auto de infração será julgado e de acordo com os danos que forem encontrados o infrator será multado".

Denúncias à Secretaria do Meio Ambiente
podem ser feitas pelos telefones:
3355 5814  ou  3355 5815







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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Advogando contra o meio ambiente







Flagrante de crime ambiental praticado por um escritório de advocacia em um bairro do centro do Recife. O imóvel se situa na esquina da Av. Visconde de Suassuna com a Rua 13 de Maio.

Clique nas imagens para ampliá-las.



 Hoje pela manhã flagrei operários da obra de um escritório de advocacia praticando o que, creio eu, seja um crime ambiental. Afinal de contas, as árvores, que estão na calçada da avenida em frente ao referido imóvel, são PATRIMÔNIO PÚBLICO, ou seja, pertencem a cidade e aos cidadãos que nela moram, e não aos proprietários do tal escritório.
















Os operários do escritório de advocacia cortaram irresponsavelmente, vários e imensos pedaços das raízes de dois antigos oitizeiros que compõem uma alameda que forma um verdadeiro "túnel verde" na Av. Visconde de Suassuna.































Tal prática pode provocar uma futura queda das árvores e como consequência, além da diminuição da área verde e do bem estar que o sombreamento das árvores proporciona a população, pode vir a causar acidentes com danos materiais ou até mesmo risco de vida aos transeuntes. Um "acidente" com estas características ocorreu há pouco tempo nessa vizinhança: o corte das raízes de outro oitizeiro, na rua do Sossego, provocou o tombamento da árvore sobre o carro de um morador.

Até onde eu sei, o manejo das árvores públicas é de responsabilidade única e exclusiva do poder público municipal. Qualquer poda, remoção ou outras intervenções em ÁRVORES PÚBLICAS deve ser feita por funcionários da prefeitura, com o aval de técnicos (agrônomos, eng. florestais, etc) da mesma instituição. Isso está previsto em lei municipal. O curioso é que os advogados são as pessoas as quais, supostamente, achamos que são as que mais entendem de leis.

A menos que a prefeitura tenha autorizado a prática mostrada em fotos aqui, o escritório de advocacia está depredando o meio ambiente e o patrimônio público. E se a prefeitura aprovou, está virando as costas para a população e privilegiando uma minoria em detrimento do bem estar de muitos cidadãos (pagadores de impostos e eleitores).

O que diz a lei municipal que trata do assunto:

CAPÍTULO IV
Da Supressão

Art. 23. A supressão de qualquer árvore, somente será permitida com prévia autorização escrita da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, através de laudo emitido por técnico legalmente habilitado quando:

I - O estado fitossanitário da árvore justificar;
II - A árvore, ou parte significativa dela, apresentar risco de queda;
III - A árvore estiver causando danos comprovados ao patrimônio público ou privado, não havendo outra alternativa.
IV - Se tratar de espécies invasoras, tóxicas e/ou com princípios alérgicos, com propagação prejudicial comprovada;
V - Constituir-se em obstáculos fisicamente incontornáveis ao acesso e à circulação de veículos, sendo que para tanto deverá estar acompanhado de croqui;
VI - Constituir-se em obstáculo fisicamente incontornável para a construção de obras e rebaixamento de guias.
Clique aqui, caso queira ler o texto integral da lei LEI Nº 17.666/2010.
















Fiz denúncias à Secretaria do Meio Ambiente Municipal (denúncia protocolada) e a dois jornais de grande circulação do nosso estado. A repórter do Diario de Pernambuco me garantiu que enviaria uma equipe até o local. Infelizmente, um dos órgãos de fiscalização da prefeitura, especializado nessa área, a "Brigada Ambiental", não pôde ir ao local por estar há alguns meses sem viatura para averiguar as ocorrências (descaso, por parte da prefeitura?). Liguei para o CIPOMA, que é uma espécie de polícia ambiental, mas nenhum dos telefones que me foram fornecidos atenderam nas ocasiões em que eu telefonei. Agora, é esperar pra ver no que vai dar.
















"Túnel verde" formado por antigo conjunto de oitizeiros da Av. Visconde de Suassuna.




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