segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Barba, cabelo e bigode



E o verde das árvores vai desaparecendo gradativamente do Recife. Pelo jeito, por opção dos seus moradores, que parecem não se importar com o calor que faz nessa cidade, ou por achar que basta se refugiar nos sistemas de refrigeração de seus lares ou escritórios. E quanto a paisagem… bom, pra que se importar com a paisagem se podemos assistir as mais belas do mundo, no canal da National Geographic?


Poço da Panela (Casa Forte): 
só restou o pau.

Pedalando ontem pelo Poço da Panela (bairro que preserva um importante patrimônio histórico-cultural da nossa cidade) me deparei com essas três árvores da espécie "Ficus" (provavelmente Ficus microcarpa) ou, pra ser mais realista, com o que restava delas. As árvores tinham uma copa já bem desenvolvida e proporcionavam uma sombra pra lá de agradável. Ao que parece, a opção foi trocar a sombra por uma certa aridez, como podemos ver na foto (de baixíssima resolução, diga-se de passagem). Talvez houvesse algum motivo para remove-las… Se foi o caso, agora é ficar na torcida para que pelo menos sejam plantadas outras árvores em substituição.

















Árvores cortadas na Rua Antonio Vitrúvio, Poço da Panela, Recife, na calçada de uma residência particular. É a rua do conhecido "Atelier Coletivo", antigo reduto de artistas locais e em cuja casa atualmente funciona uma Igreja Episcopal.



Rua 13 de Maio (centro do Recife): 
aqui, não restou nada.

Bem próximo ao escritório que há poucas semanas cortou parte das raízes de algumas árvores que estavam na sua calçada, uma outra casa de atividade comercial aproveitou o domingo para fazer desaparecer por inteiro um Oitizeiro. Quanto passei em frente ao local, trabalhadores cortavam com machado e motoserra o que ainda restava de um "toco" da árvore, em frente ao imóvel. Ao lado, um caminhão Mercedes Bens, daqueles antigos, já estava com a caçamba completamente carregada de galhos e folhas. Quando voltei, só havia pó de serra, algumas folhas espalhadas pelo chão e umas pedras de lajota cobrindo, no solo, o lugar onde antes tinha uma árvore, para disfarçar. Serviço completo: barba, cabelo e bigode! E rápido! Nem o caminhão nem nenhum dos trabalhadores apresentavam alguma identificação visível, da prefeitura ou de alguma empresa terceirizada.

Tentei avisar a Brigada Ambiental quando ainda estavam cortando, mas não consegui. E nem ia adiantar: hoje pela manhã liguei novamente e fiquei sabendo que eles ainda estão sem viatura para fazer ocorrências.  Avisei a redação do Diario de Pernambuco, que recentemente tem publicado matérias demonstrando solidariedade para com as nossas árvores urbanas, mas não sei se eles foram ao local. Nesses casos a ajuda da imprensa é super bem vinda, pois é uma forma de registrar o flagrante, já que somos tão carentes de fiscalização em dias normais, quanto mais nos finais de semana e feriados!



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