terça-feira, 23 de abril de 2013

Quanto custa ter uma árvore em Recife?


























[ Texto de Isabelle Meunier * ]


Árvores são seres vivos e requerem, além de respeito, alguns cuidados de manutenção. Algumas ações implicam em custos, baixos se comparados aos benefícios que esses seres proporcionam. Mas os maiores custos para a manutenção de uma árvore não são necessariamente os financeiros, mas os morais e mesmo aqueles referentes aos danos à saúde física e psicológica... Defender a permanência de uma árvore, seja em espaço público ou privado, transformou-se em uma luta incessante, um vai-e-vem em busca de justiça e de apoio, constante vigilância e fonte diuturna de estresse. Relaxou? O vizinho vai lá e corta um lado da árvore da calçada, porque as folhas estão sujando o seu (impermeabilizado) jardim; Cochilou? O condomínio se reúne para decretar a morte de uma árvore porque, apesar de saudável, ela é grande e vertical e, como tal, pode cair; Distraiu-se? Alguém poda a árvore em frente, para que não impeça a visão matinal do engarrafamento e as golfadas de fumaça dos motores.
Três casos recentes são emblemáticos: uma família luta há mais de 10 anos, com todos os meios, para manter um belo pinheiro no seu jardim frontal, em Camaragibe, mesmo com constantes ameaças e denúncias. Com tantas mortes causadas pelo trânsito, por crimes e drogas, algumas pessoas consideram que a maior ameaça à vida é a única árvore da rua, que abriga os poucos pássaros e embeleza a paisagem. Após inúmeras e continuadas batalhas, que envolveram visitas, pareceres e laudos técnicos, depois de despesas com advogados e muito tempo e energia gastos, o pinheiro resiste, admirado pelos proprietários e temido pelos vizinhos....
No Espinheiro, uma médica mudou sua rotina e mobilizou quem pôde para impedir o corte de uma árvore da calçada situada onde a construção de um novo prédio previa a entrada de automóveis, licenciado sem considerar a existência da árvore. Divulgada pelas redes sociais, a situação comoveu parte mais sensível da sociedade e provocou a reação do Ministério Público, à custa do empenho e da abnegação da cidadã, se, garantia, no entanto, da conservação dessa ou de outras árvores em idêntica condição.
Recentemente, nas Graças, um condomínio se uniu contra uma palmeira-imperial, pelos motivos de sempre: ela cresceu demais (como se houvesse outro destino para as palmeiras, a não ser crescer, majestosa...) e representa um risco. Não se consegue saber exatamente qual é esse risco prenunciado e a que ele seria devido, mas os temerosos moradores encontraram eco para seus infundados medos e conseguiram uma Autorização Ambiental (sim, chama-se assim a autorização para se suprimir árvores!) da diretoria municipal que deveria zelar pelo meio ambiente, a despeito do excelente estado sanitário da palmeira.  Parece que para os seres urbanos se sentirem seguro, nada superior a sua estatura deve estar nas suas proximidades, pelo menos a um raio de 50m. A não ser que sejam torres edificadas pela engenharia, essas sim, aos seus olhos, seguras, belas e intocáveis.
Se alguém deseja questionar as denúncias ou as decisões dendrofóbicas, prepare-se para um périplo kafkiano: há incontáveis números de telefone para esclarecer ou interceder em prol das árvores que, quando atendem, informam que nada pode ser feito. Inúmeros órgãos fazem exigências intermináveis, cobram documentos e registros para, ao final, isentarem-se das suas responsabilidades ou atuarem nos limites de normas equivocadas e pouco claras. Nos casos citados, ainda um agravante: as espécies são exóticas! Mais um risco - a de invasão biológica - e as pobres árvores, cuja origem da espécie em nada impede o fornecimento dos serviços ambientais, estão desprotegidas legalmente, entregues à (in)consciência daqueles que, talvez sem se dar conta, contribuem para inviabilizar a vida na grande cidade.
Defender a permanência de uma árvore, na Região Metropolitana de Recife, exige tempo, dinheiro, paciência e quase sempre provoca dores-de-cabeça, angústia e ansiedade. Ainda assim, é um preço baixo, se conseguirmos, ao menos nesses casos, fazer com que o bom senso e o respeito à vida prevaleça. 


* Isabelle Meunier 
é engenheira florestal, professora da UFRPE
ambientalista e eventual colaboradora deste blog. 







segunda-feira, 22 de abril de 2013

Arquiteto francês fala sobre "ecologia urbana"








Foto
retirada 
do site.








"Doutor em ecologia e Diretor do Laboratório de Pesquisa em Arquitetura (Universidade de Toulouse), Alain Châtelet propõe uma conferência na Aliança francesa de Recife no dia 26 de abril de 2013 às 19:30 sobre o tema da ecologia urbana."

Saiba mais no site da Aliança Francesa (clique aqui).


(esse post contou com a colaboração da profa. Isabelle Meunier)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Vereadores querem derrubar arvores.


Falta inteligência ou sobra má vontade?








Os prédios
vão ocupando
cada vez mais
os espaços
verdes das
cidades.











Ao contrário de procurar soluções para melhorar a já precária situação da arborização em nossa cidade, alguns vereadores do Recife estão apresentando requerimentos para "erradicar" (remover, derrubar) as poucas árvores que ainda temos ( clique aqui para ler a notícia no site da câmara municipal).

Como se já não bastassem as derrubadas e os maus tratos feitos por parte da população que não tem noção de preservação ambiental nem de cidadania, somadas a ações cada vez mais frequentes dos agentes da especulação imobiliária - que derrubam árvores para facilitar o acesso à obras (mal) projetadas e cuja única preocupação é o acesso aos carros de seus usuários - , agora temos os vereadores, pessoas que deveriam trabalhar visando o bem estar da população, sugerindo a derrubada de árvores.

Eu fico pensando se esses parlamentares carecem de inteligência ou se são apenas preguiçosos/as mesmo. Porque se eles tivessem disposição para trabalhar e interesse em melhorar a qualidade de vida de seus eleitores, com certeza encontrariam soluções melhores que a simples erradicação das árvores. Mas boas soluções não raro requerem uma quantidade de esforço e disposição extra por parte de quem quer encontrá-las. Não é tão simples como se reunir numa sala para requerer aumento em causa própria.


Exceção:
Vereador Jurandir Liberal (PT)
tenta barrar os requerimentos
de erradicação dos seus colegas. 




Ainda bem que como em toda regra há exceções, em meio a esse desejo destrutivo que vai de encontro ao bem comum e a qualidade de vida dos cidadãos e cidadãs, alguns vereadores estão se opondo a esses requerimentos de erradicação e até propondo boas alternativas, como o embutimento da fiação elétrica nas ruas, para evitar as podas radicais que são feitas pela Celpe e pela Emlurb. Tal solução, inclusive, traria benefícios não apenas as árvores, mas também a paisagem urbana. 




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